Minas Gerais, que há dois anos ocupava o quarto lugar no número de ocorrências de tráfico de drogas entre todos os Estados brasileiros, subiu para a segunda posição em 2010. O crime de venda de entorpecentes cresceu 42,5% no período. A informação faz parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem pelo Ministério da Justiça. O Estado também se destacou negativamente na pesquisa por ter deixado de informar vários números de criminalidade.
Minas é o segundo Estado em casos de tráfico, com uma taxa de 77,1 ocorrências a cada 100 mil habitantes. Rondônia, primeiro colocado, registrou 89,9 em 2010, ano que serviu de base para o anuário. Em 2009, Minas tinha média 54,1 e ficava atrás de Rio Grande do Sul (57,2), São Paulo (67,4) e Rondônia (74,5).
Outro dado preocupante revelado na análise dos 13 principais itens relacionados a estatísticas criminais é o aumento no número de homicídios dolosos em Minas. As ocorrências subiram 22,6%. A média de assassinatos a cada 100 mil habitantes passou de 10, em 2009, para 12,2 no ano passado.
O crime de estupro, que inclui também transgressões como atos libidinosos e atentados violentos ao pudor, foi outro que cresceu assustadoramente no Estado. Foram 10,5 ocorrências registradas em 2010 a cada grupo de 100 mil habitantes, contra 4,7 em 2009 – um avanço de 123,4%.
Na opinião do gestor do Instituto Minas pela Paz – entidade que atua na defesa da segurança pública -, Maurílio Pedrosa, o tráfico de drogas pode ser considerado a “semente” de grande parte dos outros crimes. “Por isso é tão importante combater o tráfico. Na esteira dessa atividade, vêm os homicídios, os roubos e as formações de quadrilha, por exemplo”, afirma.
Caixa-preta. A pesquisadora Thandara Santos, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – grupo que atuou com o Ministério da Justiça no levantamento de dados para o anuário -, criticou o governo de Minas por ter deixado de fornecer dados. O estudo foi feito com base nas estatísticas oficiais repassadas pelos Estados ao ministério e a outros órgãos federais.
“Falta transparência. Os números de ocorrências envolvendo policiais foram omitidos”, exemplifica. Outros crimes foram notificados com ocorrências zeradas. “Considerando o tamanho da população e o histórico do Estado, é no mínimo estranho não haver nenhum registro”. Dados de cerca de 20% dos 853 municípios mineiros não foram enviados.
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) atribuiu o problema a uma divergência entre o banco de dados do Ministério da Justiça e o oficial do governo de Minas. Ainda no comunicado, a secretaria declarou que “todas as estatísticas de criminalidade oficiais passam por um rigoroso processo de avaliação e validação da Fundação João Pinheiro”.Questionado sobre o aumento das ocorrências de criminalidade, o órgão não se manifestou.
Fonte: Jornal o Tempo
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